sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Registo de dias felizes

O dia 5 de Maio de 2012 andava no horizonte há alguns meses. Poucos, que antes eram muitos. Quis o destino que o dia 5 de Outubro se transformasse no dia 5 de Maio. Tudo se faz, pensei, e tudo se fez.

Na semana anterior o sol raiava, as temperaturas começavam a anunciar o aproximar da minha estação do ano preferida mas, claro, eis que Srª. Dª. Metereologia nos avisa que do alto dos seus 22º, o dia C se anunciava chuvoso.
Tudo pode sofrer alterações. MENOS o que não está sob o meu controlo.
Na expectativa, o dia amanheceu inundado de sol. Algumas nuvens de um lado para o outro a escondê-lo de vez em quando, mas nada que o pensamento positivo não transforme em: "ainda bem, para não termos muito calor".

"ACORDA, VAIS-TE CASAR!" - assim a minha mini-mim me acorda e ao que, surpreendentemente respondo: "só mais um bocadinho...". Descontração.

Cabelo, maquilhagem, toda a gente à minha volta. Tá-se bem, dá-me um rissol que eu tenho fome!
Posso dizer, com toda a sinceridade que, em momento algum, me senti nervosa, ansiosa ou com vontade de fugir. Pelo contrário, e também com toda a sinceridade, sentia-me linda, fresca, feliz, e cheia de vontade de dizer SIM! e ser feliz para sempre. Cor-de-rosa? Demasiado cor-de-rosa? Talvez. Who cares?

O caminho para a igreja foi feito na velha carrinha de família, a carinhosamente chamada Tavareta. Os quatro, como sempre, lá seguimos para o local da benção - a minha igreja, onde cresci e me tornei cristã adulta.
As minhas damas-de-honor abriram o caminho, a minha mãe e a minha irmã, nós os dois - eu e o meu pai, meu herói - atrás das portas. Os nervos do carequinha, não sei o que fazer filha, como é que eu ando? Sorri pai, é um dia feliz, está cá toda a gente, sorri. Os acordes da Long Road que nos acompanhou, as portas a abrir, tantos olhos à espera "para ver a noiva". Hoje a noiva sou eu. Hoje toda a gente quer ver como é o meu vestido, como é que ela traz o cabelo? abusou na bijuteria? será que vai tropoeçar? Aqui estou e a última coisa em que penso é nisso. Olha a tia Lurdes! Olha a malta do ISPA! Olha a prima Sofia que já não via há tanto tempo! Olha a família do Chico, olha a avó Piedade, olha os meus tios, o meu padrinho, os meus priminhos e quando vejo já o meu pai e o meu futuro marido se estão a abraçar e eu aqui, a olhar para eles, embevecida, já cá estamos os dois, queríamos tanto, 'bora lá.

A cerimónia fluiu e foi maravilhosa. Os nossos melhores amigos lá em cima, a ler. O avô do Chico que tão feliz foi cantar o salmo, as palavras do PV, o meu PV.
O trocar de juras, o trocar de alianças, a benção do alto, a voz da minha irmã a acompanhar. Fui feliz!

Metade do dia passou, faltava a festa. A descrição fica para depois, que é longa e agora não tenho tempo.
Ficam as imagens para recordar.




  

Fotos by Filipe Estriga.

Happiness is only real when shared. - Christopher McCandless

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Back to Taizé: Dia 8 - "Donnez une voix à sa louange, il a rendu notre âme à la vie!"

Ok, c'est ça!

São 9h30, aguardamos pela missa de Páscoa. Sacos-cama enrolados, malas feitas, banho tomado, pequeno-almoço comido, café, alcatifa, pela última vez alcatifa.
Faltam-me as palavras. Escrevi muito nestes dias, pensei muito nestes dias, não chorei muito nestes dias, apercebi-me ainda mais de que sou muito abençoada.
Ficava mais uma, duas, três semanas.
Mas já sinto o apelo do regresso.
Vou daqui fortalecida, consciente (vá, um bocadinho mais consciente) de que o importante é sempre amar. Receber e dar amor. Com o desafio de o conseguirmos dar a todos.

Tenho uma vela a meus pés. Estou ansiosa pelo momento em que seis mil pessoas a vão acender e gritar "Aleluia"!!!
Tenho uma vela a meus pés, o meu caderno preto numa mão e a caneta na outra. Nunca tinha levado um diário de viagem até ao fim. Estou muito orgulhosa de o ter feito e aguardo o momento em que vou chegar ao autocarro e o vou ler.
"Taizé é diferente", disse-me ela.
Talvez seja, talvez me tenha desperto, talvez, talvez. Só o vou descobrir quando chegar à vida real.

Acendem o fogo lá ao fundo, já não cabe mais ninguém dentro desta igreja, os sinos tocam a rebate, o burburinho acalma, Cristo ressuscitou!, vai começar a minha última celebração desta viagem a Taizé.
Chega de reflexões, acho que não me apetece escrever mais nada. Fica a certeza de querer voltar, e a alegria de ter partilhado tudo isto contigo... minha irmã.