Ao longo da vida sempre deixei por aí rascunhos dos meus dias, registos inacabados de vivências que se perderam pelo caminho.
Tenho o estranho hábito de ter pica para começar novos projectos, e nunca os acabar.
Criar e alimentar um blog nunca foi coisa que me aliciasse... Talvez por exigir de mim como o Moleskine não exige. Coitadinho do Moleskine. Tantas histórias a que ele nunca viu o fim. E continua sempre ali, à espera que lhe mate a curiosidade. E nunca apareço.
Passados dois, três meses lá volto e, com uma nova data, nem me apercebo dos berros das folhas brancas a pedir "Conta-me o final! Conta-me como foi, como acabou, como ficaste, como seguiste...". Ignoro finais, ignoro consequências, ignoro os meus próprios fins.
Enfim.
No dia 15 de Outubro deste ano, às 20h30, comuniquei aos meus pais que me ía casar.
No dia 17 de Outubro deste ano, às 19h30, descobri que a minha mãe tinha "uma coisinha na cabeça".
No dia 02 de Novembro deste ano, às 08h30, a minha mãe foi operada ao cérebro.
No dia 02 de Novembro deste ano, às 16h30, descobri que a minha mãe tinha um tumor maligno no cérebro.
Nestes dois meses, iniciei duas etapas na minha vida. Uma de preparação, uma de luta.
A dualidade de dois momentos tão opostos e tão interligados que estou a viver, foram o impulso para criar este compromisso com um blog.
Porque quero que as duas etapas tenham um final. Porque quero escrever esses finais.
E porque quero que sejam felizes.
A vida muda. Todos os dias. E nada é o que parece.
Cá estarei para te ler e cobrar esse final, com certeza feliz! :)
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